domingo, agosto 05, 2012

Medo

Nesses ultimos dias tenho acompanhado minhas plantinhas crescendo. Meu tomateiro e meu pé de pimentão deram flores. E eu pensando, puxa visa, nao sou uma total incompetente. Será que vou colher frutos em breve?
Mas ao mesmo tempo, quando paro pra pensar mais profundamente no assunto de plantar e colher, tenho medo.
Essa semana fui com meu marido a Plymouth, a cidade iniciada pelos peregrinos que fugiram da perseguição religiosa na Inglaterra.
Eles tem uma vila chamada Plimoth Plantation, que recria a vida em 1627. Cada familia tem sua casa, cada casa seu jardim. Eles platavam e comiam do fruto do seu trabalho. Nao existia luz eletrica, nem telefone, nem shopping center. Mas todos tinham o que comer, o que vestir, e com que se proteger do frio. Eles aportaram ali em 1620, numa terra deserta (pois o indios locais haviam sido dizimados por doenças), e em menos de 7 anos tinham uma vida auto-suficiente.
E nós? Dependemos tanto da fragil tecnologia que nos cerca. Que fariamos se a eletricidade de repente nos faltasse? Nós perdemos toda a habilidade de sobrevivencia que nossos antepassados tinham e dominavam tao bem.
Nossa vida é mais fragil hoje do que era nos idos de 1620? Temos curas para muitas doenças, controlamos melhor a natureza, mas nao por nossas proprias habilidades. Se a nossa adorada eletricidade nos faltar, que nos resta? estamos acostumados a uma vida de conforto, e esquecemos que a qualquer momento ela pode ruir. E se ruir, que nos resta?
E para que ir tao longe? para que voltar a 1620?
Minha bisavó certamente levava uma vida bem mais autosuficiente que eu. Minha bisavó certamente tinha muito mais conhecimento de como sobreviver do que eu. Como será que em tres geraçoes todo esse conhecimento, que era passado de pais para filhos se perdeu? Conhecimento de geraçoes ... se perdeu porque a teconologia atual o fez desnecessario. Mas a teconologia atual vive, literalmente por um fio. e se o fio se romper? qual despreparados estamos para sobreviver? Nao sabemos mais tratar animais para consumo proprio. nem plantar hortas de subsistencia - na escola aprendi que quem fazia isso era o caipira pobre. Nós gente da cidade grande praticamos a cultura de subsistencia no supermercado. sequer sabemos fazer nossas proprias roupas.
Tenho medo - medo de que tanto conhecimento precioso esteja perdido para sempre. E que um dia precisemos dele.
Como queria trazer de volta a tradiçao de passar tradiçoes e conhecimentos de pais para filhos.

Um comentário:

Anônimo disse...

A mais simples e pura verdade!! Lua